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Em Lisboa. Pelas curvas da cidade

6 de dezembro de 2019 a 21 de fevereiro de 2020

Lisbon Gallery, R. Por Dona Estefânia 123A, 1000-153 Lisboa. Das 9h30.m às 18h.m.

Em Lisboa. Pelas curvas da cidade

Tirei minha primeira foto há tanto tempo agora que posso dizer que a fotografia quase sempre fez parte da minha vida. É um exercício constante, um treinamento diário do olho, da mente, uma abertura para o mundo ao nosso redor. Como um músico faria suas escamas, você tem que praticar sempre, olhar para a luz, observar ao seu redor, mesmo sem uma câmera e se perguntar como transcrever o que você vê, como transmitir o que você ama. Eu morei em Lisboa desde 2004; a cidade é tão especial que cada caminhada é uma descoberta. Adoro a luz em mudança, tão vívida no inverno no céu, muitas vezes carregada de nuvens. Gosto desse contraste com a pedra branca da cidade, a calçada ou com o Teto. Eu gosto dessas vistas, essas ruas inclinadas, essas escadas. Sempre procurando um novo ângulo, uma curva, uma linha. A geometria e a composição da imagem sempre foram muito importantes nas minhas imagens. É a marca de uma certa cultura clássica, tanto na pintura quanto na fotografia, ou na busca de um equilíbrio de linhas curvas, retas e jogos de sombras e luzes? Talvez os dois. Minhas imagens são certamente menos povoadas do que a cidade se tornou… Eu não estou procurando o vazio, nem necessariamente para a presença humana; Busco, acima de tudo, durante minhas caminhadas, uma emoção que tento capturar para poder compartilhá-la. A paisagem às vezes é autossuficiente; uma presença humana às vezes aumenta sua dimensão, nem sempre é necessário. Esta seleção de imagens que apresento a vocês hoje é uma escolha de temas que são queridos para mim e lhe dá uma visão geral do que eu gosto, e do que eu vejo…

Olivier Perrin

Lisbon Gallery

A Lisbon Gallery já foi galeria itinerante, em parceria com o Lusitano Clube, agora é também loja e inaugura, dia 6 de dezembro, uma nova exposição de fotografia dedicada a Lisboa. O francês Olivier Perrin foi o fotógrafo escolhido para a primeira exposição da Lisbon Gallery no seu novo espaço, na Rua Dona Estefânia, em Lisboa, onde antes se situava a livraria Leituria. Lisboa – Pelas curvas da cidade é o nome da exposição, com quarenta imagens a preto e branco da cidade.

ALFA – Association Luso-Française d’Art

A obra de Olivier Perrin é, de forma assumida, puramente fotográfica, apoiando-se na(s) arquitectura(s) – e no cruzamento – das suas linhas-guia, para a estruturação do seu próprio discurso pictórico de luz e sombra. É uma obra cuja essência ‘mora’ nessa estrutura e que dela tira todo o partido e todo o sentido contemporâneo sem, no entanto, obliterar as referências da pré-contemporaneidade, daí resultando construções-esculturas polvilhadas de elementos visíveis e invisíveis que alcançam muito para além do aparente.
Sabemos que Lisboa surpreende, mas quantos de nós – que quotidianamente a cruzam – a não damos como ‘adquirida’ na obtusidade circular dos nossos percursos e memórias comuns… O indizível abrindo-nos assim, à colina escondida de uma Lisboa que julgávamos conhecer, mas que o artista nos faz revisitar, através do seu registo espacial, a um mesmo tempo exógeno e endógeno.
As imagens – sejam elas de Lisboa, Ericeira, Vila Franca de Xira ou Sesimbra – são por vezes habitadas apenas pelas formas que resultam desse diálogo de contrastes e organicidades, na planura do Tejo, na ondulação plástica de elementos arquitectónicos estruturais (algumas delas, especialmente as ‘escadarias’, remetendo-nos para Cartier-Bresson), ou ainda na flutuação dos movimentos livres do Atlântico e do Tejo, petrificados nas calçadas por onde mareamos sem dar conta.
A simetria cinematográfica e intemporal da presente composição, bem como a contradição visual nela inscrita entre o ponto de origem (da imagem) e o seu horizonte próximo, traduz plenamente o jogo discursivo, no qual o indizível (ou invisível…) nos transmite a verdadeira profundidade do olhar do artista. Nela, a estrutura em primeiro plano imprimindo um ponto estável e estático de onde se avista o mar e o farol (ode à inconstância e longura oceânica), é – afinal – não mais do que uma embarcação entre margens, vagando através dessa matéria orgânica e incerta, massa de água / braça de mar, que tal como separa, as unifica.
Joshua Benoliel, um dos maiores fotógrafos portugueses dos inícios do século XX, registou para a posteridade todas as histórias que cruzaram a História, narrativas de gentes e locais do seu tempo, de forma humanista e intimista. Olivier Perrin cruza, por sua vez, outras gentes, outros espaços, outras histórias, fruto do seu – nosso – tempo. Acontecimentos de um mundo no qual a intimidade – tal como a humanidade – navegam em plena inconstância, residindo cada vez mais no instante de um olhar, na iluminação dos espaços na obscuridade do espaço, na assunção da dualidade pictórica (claro/escuro…preto/branco…).
É aí que reside a nova ‘Luz’ de uma Lisboa que julgávamos nossa, mas que, através da obra de Olivier Perrin, se revela, surpreendentemente, do Mundo, reformulando cosmopolitismos passados contextualizando-os sob o olhar da contemporaneidade, revelando ainda a ‘sombra’ como complemento da icónica ‘Luz’ (de Lisboa).
Um artista francês de olhar abraçado ao mar português.
“(…) Outra vez te revejo – Lisboa e Tejo e tudo -, (…)”.
Trecho do poema Lisbon Revisited (“Lisboa Revisitada”), de 1926, in « Poemas », Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa).

Fernando Ribeiro
Curador

Pelas curvas da cidade

«Tinha quase 10 anos quando me iniciaste na fotografia. Ao princípio emprestaste-me uma pequena máquina e andávamos pelas ruas de Lisboa à procura de um bonito ponto de vista, de um momento a apanhar.
Depois, lá em casa, ligavas o computador e fazíamos uma escolha nas imagens. Ainda me lembro de ti a ensinar-me a não colocar o sujeito no meio da imagem. Explicavas como endireitar uma fotografia, como a transformar em preto e branco, como acrescentar uma moldura…
Estava a seguir-te com a mochila às costas e a máquina na mão, a tentar fazer fotografias parecidas com as tuas que admirava e também a tentar fazer diferente, à minha própria maneira.
Em relação a esta imagem, ainda me lembro muito bem quando começaste a tirar fotografias neste centro comercial e eu questionei-me. Estava cansada, queria voltar para casa mas tu querias mesmo esperar pelo momento certo, ter o número ideal de pessoas no passadiço.
Aprendi duas coisas importantes neste dia: esperar pelo momento certo pode valer a pena e sobretudo aprendi que a beleza pode ser encontrada em muitos sítios, até num centro comercial.»

Camille Perrin

Em Lisboa. Pelas curvas da cidade

O sujeito indeterminado, cuja perspectiva central (quase) simétrica se impõe. A progressão organizada da Superfície. Os padrões regulares da margem; a água revolta na proximidade, limitada pela fronteira da linha dos pilares; o plano de quietude longínqua mais além. Os Pilares, que enquadram, delimitam e dão ordem, definem o referencial de espaço, marcam a efemeridade do momento e a tensão fundamental entre a separação entre o definido e o nubloso. O Veleiro minimal, encoberto a principio pelo nevoeiro, projecta o reflexo da forma essencial e do seu movimento na suave superfície. Uma história de um fragmento de vida cujo significado se vai apreendendo. De composição e mudança. De mistério e revelação. De realidade, sonho e alucinação. Um ‘Momento de Ser’.

Jorge P.

Pelas curvas da cidade

É uma ponte sem fim e sem princípio. Uma das extremidades se perde nas brumas. Ao longe, saída das nuvens, aparece a silhueta do cristo redentor. Estamos em Lisboa, São Francisco ou Rio de Janeiro?Antes de tudo o importante seria deixar-se levar para longe, para lá do oceano atlântico e ainda bem mais longe até aos confins do nosso imaginário. As fotografias de Olivier Perrin convidam-nos a olhar uma realidade que tem só a aparência da clareza. Linhas direitas, traçados geométricos, curvas gráficas, o seu olhar apresenta espaços estilizados onde a presença humana é voluntariamente rara. Se o fotográfo desenha arestas e define linhas, talvez seja para nos incitar a recriar as nossas próprias trajectórias e ver, além do primeiro olhar, estas impressões mais difusas que palpitam em nós. Lisboa, cidade de partida como de retorno a si mesmo.

Kidi Bebey, escritora

Um grande obrigado àqueles que falam sobre isso……

Agenda Cultural Lisboa
Olivier Perrin, artista francês, foi o fotógrafo escolhido para a primeira exposição da Lisbon Gallery no seu novo espaço. A galeria, que desde os anos 90 reúne e produz uma iconografia não oficial de Lisboa, com imagens de Varda, Castello-Lopes ou Boubat, entre outros, é exclusivamente dedicada à cidade.
A exposição de Olivier Perrin reúne 40 imagens a preto e branco de escadas, janelas, pontes, bancos e calçadas, através das quais mostra uma Lisboa inédita, diferente da cidade das multidões que saem do metro ou dos grupos de turistas que pululam pela Baixa.
No dia 14 de dezembro, entre as 9h e as 15h, tem lugar uma visita guiada à exposição com o artista.
Agenda Cultural Lisboa
https://www.agendalx.pt/events/event/olivier-perrin/

Time Out
A Lisbon Gallery já foi itinerante, mas agora assentou arraiais na Estefânia. Nesta loja e galeria de fotografia que desafia à (re)descoberta da beleza da cidade através de trabalhos de qualidade a preços acessíveis, o fotógrafo francês Olivier Perrin, radicado em Lisboa foi o eleito para a primeira exposição: uma Lisboa feita de linhas, de curvas, ângulos e volumes.
Time Out
https://www.timeout.pt/lisboa/pt/arte/lisboa-pelas-curvas-da-cidade

Lisbonne Affinités
L’espace à la fois boutique et galerie classique ouvre au public pour dévoiler le regard particulier des photographes amoureux de la ville.
Car c’est d’Amour qu’il s’agit.
La première exposition consacrée à la capitale qui s’installe à la Lisbon Gallery porte le non évocateur de Lisbonne- Par les courbes de la ville (Lisboa-Pelas curvas da cidade). Elle est d’Olivier Perrin.
Des portraits en noir et blanc d’une ville photogénique qui adore être caressée par l’objectif de ses amants.
Mais ici tout est suggestion, tout est illusion.
C’est pourquoi la magie opère à regarder ces paysages urbains, à la fois si familiers et si nouveaux. Fenêtres, volées de marches, ouvertures sur le fleuve, une ville à la géométrie variable de courbes et d’angles vifs.
Le photographe cherche aussi à sublimer la lumière incomparable de Lisbonne
La Lisbon Gallery est un projet de l’éditeur Jean-François David qui sait depuis de nombreuses années nous faire aimer l’iconographie de Lisbonne et du Portugal.
Lisbonne Affinités
http://www.xn--lisbonne-affinits-qtb.com/lisbon-gallery-photographies-de-lisbonne/

Público de 17 févreiro 2020
Do Cais das Colunas às curvas do MAAT – Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, passando pelos barcos no Tejo, Lisboa mostra-se pelo ângulo de um fotógrafo francês que se encantou com « a luz característica e o emaranhado de edifícios antigos e modernos » de uma cidade « moldada pela relação entre o espaço natural (as colinas, o rio) e a arquitectura » –a cidade que escolheu para viver. Chama-se Olivier Perrin e pertencem-lhe as 40 imagens a preto e branco aqui exibidas.
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